Na Pesquisa de Mercado I foi concluído que o empreendimento hoteleiro cinco estrelas atrelado aos produtos turísticos são os principais meios sustentáveis do desenvolvimento econômico e social ao atender as ações previstas na legislação e ao favorecer o meio ambiente, o munícipio, o estado, os diversos tipos de turista e principalmente a população local com a geração de empregos e renda.
No entanto, para alcançar os resultados satisfatórios é necessário estruturar a organização a fim de gerir, administrar e controlar os impactos ambientais de suas atividades com os programas de gestão ambiental embasados na adoção sistemática do Sistema de Gestão Ambiental; sobretudo para promover os processos de trabalho e de capacitação profissional, com a visão na melhoria do produto hoteleiro final oferecido para o consumidor.
O grau de aderência às práticas ambientais na gestão hoteleira é obsoleto, por estar sendo implementado de forma paliativa – invés de subsidiar o processo administrativo, a tomada de decisão, a busca de mais competitividade e o aprimoramento dos serviços oferecidos, é tratado apenas como um processo a mais na rotina do empreendimento. A ordem de importância dos fatores altera o resultado! É de extrema relevância que o conceito ambiental seja inserido na base do empreendimento, e não como um complemento gerador de diferencial.
O processo de gestão ambiental sustentável deve ser inserido no Business Plan (plano de negócio estratégico, tático e operacional) e Master Plan (plano de engenharia, arquitetura e urbanismo); haja vista a necessidade de contemplar o controle das medidas ambientais, gestão das águas, tratamento de efluentes líquidos, controle de ruído, coletores específicos para os tipos de resíduo em todos os setores, detalhes arquitetônicos, materiais de construção empregados e postos de trabalho específicos para caracterizar os resíduos e dar a eles o destino correto conforme as práticas de segregação e as diretrizes da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), do Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos (PGRS), do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) etc.
Algumas práticas ambientais simples, como: a reutilização de resíduos da construção civil e da água da piscina para o sistema de incêndio, saída de emergência bem planejada, tecnologia brise-soleil para a iluminação natural e redução da amplitude térmica do prédio, cartões-chave e sensores para redução de energia etc.; atendem aos requisitos para o turismo sustentável da NBR 15401. Os relatórios enviados comprovam a destinação ambientalmente correta dos resíduos em âmbito federal, estadual e municipal.
O SGA gera benefício – oportunidade de negócio, melhoria da imagem, administração de recurso energético e material, redução de risco e gasto; gerando lucro, credibilidade da marca e competitividade internacional.
Na Rio+20 a ONU estabeleceu as diretrizes da agenda 2030, criando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais foram embasados nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM); para proporcionar oportunidades de negócios, promover melhorias e reduzir riscos.
O fato é que em 2021 ainda não é comum a adoção sistemática do SGA e das práticas que caracterizam as suas variáveis, devido à má aplicação dos programas de gestão ambiental na hotelaria de forma lucrativa; por isso, a prática de gestão ambiental é mensurada como despesa e não como lucro. E isso se agrava com a falta de incentivo, motivação e capacitação profissional.
Está comprovado que o desenvolvimento sustentável e as iniciativas ambientais contribuem ricamente para todo sistema, com: a qualidade do serviço oferecido, o posicionamento de imagem da organização, a consciência e a satisfação dos colaboradores, a melhoria do clima organizacional, a geração de renda para a empresa e terceiros na produção de insumos, a preservação do meio ambiente, a melhoria da política de atração e retenção dos consumidores e turistas. Porém, mesmo diante desses benefícios, o processo de gestão sustentável não é executado de forma adequada, por isso não gera o retorno que deveria e acaba sofrendo descrédito e caindo na “vala comum” da rotina do empreendimento.
Para desenvolver a consciência ambiental, diminuir os impactos causados pela atividade humana na hotelaria e buscar o melhor desempenho na indústria turística, o ideal é operar de forma sustentável e reduzir os impactos na geração de resíduos, efluentes e emissões, tendo por base a ISO14001 e a norma NBR 15401; essa perspectiva macroambiental agrega valor à população local, aos turistas e à preservação do meio ambiente como fator primordial à existência do negócio hoteleiro e turístico.
É necessário implementar, adequar e controlar o SGA com políticas de desenvolvimento sustentável que reforcem a posição da organização perante o mercado consumidor – programas de treinamento, informação ambiental, controle de entrada e saída de resíduos e compostagens, gestão de energia, manipulação de produto químico, irrigação e adubagem de jardins/horta/pomar, qualidade da água das piscinas etc.
A adoção das práticas sustentáveis não é considerada apenas uma opção ou tendência, mas sim é a condição para o sucesso da operação. O reconhecimento da sustentabilidade é a estratégia competitiva de marketing que promove a atração do consumidor e os aspectos econômicos, sociais e ambientais.
É fundamental que o empreendimento tenha um profissional designado como gestor ambiental, encarregado pelos colaboradores da limpeza e manutenção, que tratem os resíduos; todo esse processo de gestão exige treinamento, adequação, controle e comunicação. Destaca-se alguns aspectos ambientais que devem ser criteriosamente manejados, como o alto consumo de energia elétrica e a geração de resíduos domésticos relacionados à praticamente todo hotel; com maior atenção aos resíduos da lavanderia e manutenção, visto seu alto potencial de contaminação da água e dos solos.
A falta do profissional qualificado para gerenciar os programas do SGA e GRS é um dos fatores que impede o avanço das práticas ambientais no segmento hoteleiro, juntamente com a ausência de estrutura física para operacionalizar os processos e a falta de informação das variáveis que agregam valor e lucro às ações sustentáveis.
Por fim, deve-se investir na capacitação dos funcionários e contemplar o Sistema de Gestão Ambiental no Business Plan e Master Plan para que haja meios de operacionalizar a segregação dos resíduos e implementar a gestão ambiental sustentável.